domingo, 22 de abril de 2012

Vídeo de União Europeia sai do ar após acusação de xenofobia


LONDRES - Uma mulher, vestida com um macacão amarelo, semelhante ao da personagem da atriz Uma Thurman no filme "Kill Bill", de Quentin Tarantino, entra em um galpão. Em seguida, surgem um asiático, especialista em artes marciais; um indiano, com a capacidade de levitar; e um rapaz negro, versado nas artes da capoeira. Todos a cercam, aparentemente de forma ameaçadora. A mulher fecha os olhos, multiplica-se em outras 11 e cerca os oponentes em uma roda. Todos se sentam, eles largam as armas.
Logo depois, os estrangeiros desaparecem; as 12 mulheres se tornam as estrelas da bandeira da UE, e surge na tela o slogan "The more we are, the stronger we are" - algo como "quanto mais somos, mais fortes somos". O anúncio, veiculado em março pela União Europeia, causou polêmica na internet sob acusações de xenofobia. Tirado do ar, permanece disponível no YouTube, onde comentaristas do mundo inteiro continuam se dividindo sobre a natureza das imagens.
Assinado pela agência Mostra e batizado de "Growing together" ("Crescendo juntos"), o anúncio custou 127 mil euros (R$ 314 mil) aos cofres da UE, que, diante da pressão internacional, se viu obrigada a tirá-lo do ar - depois de gastar cerca de 122 mil euros (R$ 302 mil) para distribuí-lo. À época, Raoul Ruparel, da organização independente Open Europe, afirmou ao jornal britânico "The Guardian" que as imagens eram "de gosto e julgamento duvidosos".
- Também questionamos, em primeiro lugar, a necessidade de se produzir esse anúncio. Somos a favor do crescimento da União Europeia, mas não achamos que a criação de vídeos virais para a internet seja a melhor maneira de se fazer isso - completou Ruparel.
Questões em relação à imigração não são novas na Europa. Também no começo do ano, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse em um debate que havia "muitos estrangeiros" no país, número este que seria reduzido caso ele fosse reeleito. Porta-voz da UE, Peter Stano afirmou que o vídeo "não tinha a intenção de ser racista" e que o bloco de 27 países "obviamente lamenta que ele tenha sido visto dessa forma por algumas pessoas". Ele ainda pediu desculpas a quem quer que tenha se sentido ofendido, ressaltando que o foco das imagens eram jovens entre 16 e 24 anos, que entendem as tramas e temas ligados às artes marciais e aos videogames.
Diretor geral da divisão que produziu o anúncio, Stefano Sannino também teve que vir a público se defender em função do vídeo. Segundo ele, a intenção não era, em hipótese alguma, associar a predominância europeia à aniquilação das outras nacionalidades:
- O clipe apresenta personagens típicos das artes marciais; começa com uma demonstração de suas habilidades, e termina com o respeito mútuo, paz e harmonia - defendeu, também ao "Guardian".


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